22.5.09

dias cinzas sem chuvas

Será que eu fui sequestrada e nem percebi? Aquele pesadelo então era real? A voz assustadora sussurrando que eu ía morrer circulou realmente pelos meus tímpanos? E os cinquenta mil reais pelo resgate que ninguém possuia? O que aconteceu com minha mãe... paralisou, enlouqueceu e toma remédios pra esquecer? Meu pai tem TOC e largou o emprego pra conversar com o espelho? Meu irmão mora no interior por causa da síndrome de pânico que adquiriu depois de me ver sem vida? E meu amigos, o que será que lembram quando pensam no meu nome? Lembram-se das vezes em que sorri logo depois de contar algo sem graça? Lembram-se de alguma incerta tristeza que me afetou e das cores de minhas lágrimas? Eles choram vendo fotos passadas e do quanto eu era chata e apaixonada? Tento imaginar meu quarto, as minhas coisas (sempre recordo das pessoas que já me chamaram de "museu" por guardar tanta antiguidade desnecessária e feia), minha cama empoeirada de lágrimas de minha mãe que nunca pára com a mania de averiguar se eu estou lá, quem sabe deitada lendo ou cochilando sem nenhum cansaço. Quem me substituiria aqui na editora? Alguém mais bonito? Mais velho?
Eu questionei sobre as coisas a minha volta, e não consigo imaginar em que lugar eu estaria. Que alma me ocuparia (se é que eu teria uma), teria asas brancas? Quem sabe chifres vermelhos? Acho que seria magrela, seria indecisa e amaria odiar a tudo assim como o vice-e-versa;
Eu gostaria de viver ali, ou lá, aqui, cá e aculá.

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