Certa vez eu postei um texto do Barthes muito lindo sobre o amor (podia ser clichê se não fosse bom), pessoas comentaram a respeito (inclusive eu) e eu vou registrar agora isso aqui:
Primeiramente o texto:
Como termina um amor? – O quê? Termina? Em suma, ninguém – exceto os outros – nunca sabe disso; uma espécie de inocência mascara o fim dessa coisa concebida, afirmada, vivida como se fosse eterna. O que quer que se torne objeto amado, quer ele desapareça ou passe à região da Amizade, de qualquer maneira, eu não o vejo nem mesmo se dissipar: o amor que termina se afasta para um outro mundo como uma nave espacial que deixa de piscar: o ser amado ressoava como um clamor, de repente ei-lo sem brilho ( o outro nunca desaparece quando e como se esperava ). Esse fenômeno resulta de uma imposição do discurso amoroso: eu mesmo (sujeito enamorado) não posso construir até o fim minha história de amor: sou poeta (o recitante apenas do começo); o final dessa história, assim como a minha própria morte, pertence aos outros; eles que escrevam o romance, narrativa exterior, mítica.
Meu irmão: Estás certa, em quase tudo.Mas estás sim, confundindo amor com paixão. Ódio nada tem a ver com amor. Sabes a origem da palavra "paixão"? Paixão originalmente significava "sentimento extremo". Sentimento de quê? De qualquer coisa: ódio, carinho, desespero, tristeza...Amor é amor, e apenas isso. Mas se transforma. Por isso existem diversos tipos de amor. E por isso você jamais esquece a pessoa que amou. Não a deixou de amar. Distanciou-se, talvez. o que faz com que você não mais conheça a pessoa hoje, e ame a pessoa que conhecia antes (continua amando).
Eu: "Ódio nada tem a ver com amor" - é, depois que escrevi isso e reli, fiquei pensando se realmente achava isso, e não. Não acho que tenha a ver.Mas se o amor se transforma, se transforma em que? pode ser em qualquer coisa, até em desprezo, então não existe mais amor... porque amor não deixa de ser amor, não é outra coisa."o que faz com que você não mais conheça a pessoa hoje, e ame a pessoa que conhecia antes (continua amando)." - Eu amo a pessoa que conhecia e não mais a de hoje, a de hoje eu mal conheço. Não a amo, amava.
Meu irmão: 1- Amor se transforma em amor. Em outro dos milhares tipos de amor.2- Não amas a pessoa de hoje, mas amas a pessoa de antes, que não deixastes de amar. Apenas não a encontras mais... A de hoje jamais amastes. Pessoas mudam, assim como tudo.Odeio quando começo a racionalizar sentimentos... Que droga.
Eu: 1- Como assim em outros tipos de amor? Existe um amor menor que outro? Parece estranho, só consigo diferenciar o de pai, mãe, filho, irmão e companheiros. Desconheço esses outros tipos de amor, nós discutíamos sobre o amor ser amor e pronto, não é outra coisa. 2- Pois então, não encontro mais a pessoa que amei - amei, no passado - o que amei foi embora, não existe mais, não a amo hoje. Se ela mudou (e mudou porque todos mudamos) eu não amo mais pelos motivos que a amava, talvez por outros motivos, mas se nós nos distanciamos, não existe mais o amor, porque é outra pessoa "A de hoje, jamais amaste". Amo o passado dela. E não ela, porque o ser dela é o hoje.
Meu irmão: 1- Não é diferente em intensidade, mas em qualidade. Não é amor menor, ou maior. É amor de amigo, de filho, de namorados, etc...2- Pensando sobre as coisas, e talvez algumas opiniões minhas tenham mudado por aqui...
(O último comentário foi do meu pai, não tinha mais espaço pra outros.. e fechou com chave de ouro)
O amor não existe... ou é tudo. A idéia que temos do amor não é o amor, é a idéia que fazemos dele. Amamos realmente alguém? Ou amamos a nós mesmos...? O que significa amar? Sentir, vibrar, lembrar, sensibilizar? O amor existe? O amor é um só? Amamos todos da mesma forma? Quem realmente ama? Eu posso dizer que amei diversas vezes, diversas pessoas, intensamente todas elas e cada uma de um formato, cada uma com seu próprio desenho, com seu/meu próprio sonho. Então o amor é um sonho, um filme, um luar intenso a desbravar nossas florestas? Amamos o amor? Eu amo, amar... acho que o dia que conseguirmos explicar o amor ele se tornará tão pequeno e efêmero que não mais existirá. O amor existe... ou é tudo.
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2 comentários:
eu sabia que quando entrasse no teu blog domingo, eu ia ver algum post teu, falando sobre isso, sabia!
lindo
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