7.3.08

anos, motos, oi

Não queria ter saudades de tantos eus passados.
Lembro-me de 2002, na frente do portão com aquele uniforme largo e sempre a mais magra do colégio inteiro... ficava à espera de uma moto preta, onde um ser esquisito que usava um capacete branco com desenhos de fogo dirigia e parecia não se importar com ninguém ali. Era sério, muito mais velho que eu e tímido. Sim, tímido pelo olhar sempre cabisbaixo. Era tão bom ficar naquela expectativa de que ele nunca me notaria, nunca falaria comigo e tão pouco teríamos alguma coisa (até porque nesse tempo eu ainda não pensava dessa forma). Achava lindo gostar dele exatamente por saber que era impossível. Queria que fosse assim pro resto da vida... entrou 2003 e a oitava série era um saco, ele não estudava mais no colégio e só ía de vez enquando buscar a sobrinha na saída. Ficou mais angustiante ainda essa espera. Acho que o dia mais feliz pra mim naqueles tempos foi quando ele veio até mim, disse oi e perguntou onde a sobrinha dele estava. Eu quase tive um ataque fatídico. Engraçado pensar dessa forma, hoje isso seria completamente ridículo e um exagero de infantilidade, mas não deixa de ter sua beleza poética (pelo menos não pra mim). E, talvez, no fim das contas (devidamente pagas, é claro) eu só tenha tido grandes amores dessa estrutura, pois estes ficam nos livros, no cinema e nas músicas, são como outras realidades: que eu sinto, gosto de sentir e acaba sem mais nem menos. O problema é que o tempo passa (e como passa), a gente cresce (mesmo que pouquinho, mas cresce) esse negócio aqui dentro vai misturando-se com todas as outras sensações que vivemos e tudo fica junto. eu nunca sei separar, não ensinaram direito ou eu mesma não quis aprender (que faz mais sentido levando em consideração o quanto que me conheço).

Um comentário:

Anônimo disse...

pra mim, isso se deu com o g.
era lindo gostar e não esperar mais nada a não ser gostar.
eu sinto falta desse tempo em que gostar poderia ser puro e impossivel, sem ser triste, sem ser decepcionante.
é sério, cansei de tentar fingir que posso crescer.